A vitória Política da CPI da COVID

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O grande percurso feito pela CPI da Covid nos últimos meses findou em grande estilo. O resultado geral das apurações no relatório tipificou nove crimes atribuídos a Bolsonaro e cerca de oitenta pedidos de indiciamento.

O documento foi entregue ao Procurador Geral da República com os indícios dos crimes, autores, e até confissões destes crimes.

Um novo desafio agora se apresenta. Os encaminhamentos deste inquérito precisam abrir o caminho de legalidade e afastamento dos (in)responsáveis que estão no poder. Se haverá correlação de forças ou não – é momento de aguardar.

Porém o processo da CPI do ponto de vista político já é vitorioso.

A primeira vitória foi sua instalação, que não esqueçamos, foi feita “à revelia” do Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Foi uma vitória da oposição em harmonia com o STF, que ordenou a abertura da CPI, derrotando a aposta do governo em neutralizar o parlamento, a exemplo do que tem feito na Câmara.

Outra vitória foi levar pelo beiço, na tora, boa parte da cúpula negacionista para se sentar no banquinho da República e lá terem que se submeter aos rituais da democracia e da Justiça, obrigado-os em vários casos a se socorrerem no tão criticado e demonizado por eles, STF.

Tiveram que responder perguntas. Calaram-se para se proteger. Foram enquadrados e, portanto, desmoralizados diante de sua base social radicalizada, que quer a volta do AI-5 e outras barbaridades. A vida real colocou os golpistas na defensiva.

A CPI também foi vitoriosa quando se materializou no “veículo” onde embarcaram as mais amplas forças políticas em defesa da ciência, da democracia e da vida. Assim, a CPI se converteu num encontro cotidiano das forças políticas e sociais para isolar o vírus do negacionismo, do autoritarismo, das fake News, para o isolamento de Bolsonaro.

Uniram-se em torno da CPI o campo político partidário progressista, o centro e a direita; o STF, os religiosos sérios, a imprensa de todos os tamanhos, as centrais sindicais e os movimentos estudantis, a OAB, as universidades e os cientistas, enfim, o Brasil minimamente civilizado e isto foi fundamental para construir uma maioria moral contra o Bolsonarismo e a extrema direita que, hoje, está acuada e em franca minoria.

O fato da Comissão de Constituição e Justiça do Senado não ter encaminhado a sabatina do indicado de Bolsonaro para a vaga no STF certamente tem a ver com esta correlação de forças. Também é uma vitória indireta da CPI.

Vale destacar também o participação das senadoras que mesmo não fazendo parte da comissão tiveram uma participação brilhante, ativa e incisiva. Eu poderia comentar aqui também do show de profissionalismo, técnica e inteligência dos senadores médicos, da mesa diretora que usaram de muita serenidade, experiência e muito jogo de cintura para a condução dos trabalhos.

Sem dúvida o “Fora, Bolsonaro” tem um percurso que une uma maioria moral e ampla. Sigamos firmes. O Brasil é maior.

(Carlos Leen)

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